sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fragmentado

Tinha um espírito vivaz, meio debochado. Sua fala pesava em ironia e sagacidade. Não sabia ser de outro jeito, era sua maneira de se defender do mundo. Era uma pessoa de poucos amigos e poucos problemas aparentes, mas no silêncio de sua mente esperava por uma brisa de otimismo.
Trabalhava muito, era inteligente e viciado
em tecnologia. Dono de um sorriso cativante, apesar de não saber realmente como ser simpático. Tinha dificuldade de se abrir com as pessoas, até com a sua noiva. Fingia não saber o motivo de tanto ostracismo.
No fundo era marcado pelas imagens da sua infância, a separação dos seus pais, a mudança para a casa da sua avó. Era doloroso lembra daquilo, das brigas, das discussões, especialmente, da mão do seu pai no rosto da sua mãe. Aquela cena não saia da sua cabeça, era muito pequeno na época, tinha apenas quatro anos e ao se meter na briga acabou machucado.
Seu pai sumiu no mundo, e doía muito não ter mais a figura paterna por perto. Sua mãe foi em busca do acreditava ser certo, e o deixou com a avó. Ter o carinho daquela gentil senhora, sempre, era provavelmente a razão pela qual ele tinha uma boa índole. Na adolescência voltou a morar com a mãe, mas o pai só reencontrou depois, quando estava na faculdade.
Chorou muito a morte da avó, e agora chorava sozinho, sentando no chão da sala, sem saber exatamente o motivo. Talvez, fosse pelo vazio que sentia no peito. Casou na esperança de se sentir completo, que ela o amava não restava dúvida, mas porque então se sentia tão sozinho. Não achava resposta alguma.
O casamento começou a desandar, não se entendiam mais, não se beijavam mais. Todas as suas palavras eram como alfinetadas aos ouvidos dela. A convivência se tornou impossível, e o divorcio foi inevitável. Ele estava fazendo como seus pais, isso o dilacerava.
Foram assinar os papeis e oficializar a separação. Ele ainda a amava, mas tinha a certeza de que se destino era a solidão. Ela pegou a caneta, com os olhos chorosos, assinou os documentos e lançou: - “Sabe, o problema não foi a falta de amor entre nós. Foi a sua falta de amor pela imagem que vê refletida no espelho todos os dias, amor-próprio entende.” E ele sabia que ela estava certa. Esperava, apenas, aprender o que significava aquilo algum dia.

4 comentários:

  1. O modo como o seu texto está fluindo é inacreditável. (Nem preciso dizer que fiquei de olho na coordenação e subordinação não é? haha)

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  2. Me reduzo a um Molto Bene, ragazza.

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  3. o o primeiro paragrafo tava maravilhosos, mas o rsto eu não sei pq tia preguiça nao me deixa ler... bjus

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