domingo, 8 de novembro de 2009

Fly me to the moon

O sol parecia cair no seu berço rochoso, Nicolau aproveitou o momento, e com um único golpe, beijou Catharina. Aquele seria um casamento duradouro.” Era mais um final feliz. Ela adorava aquelas historias, cheia de obstáculos e romance, no fundo o seu maior desejo era viver um grande amor.
Tinha potencial para ser uma mocinha de romance, era educada, batalhadora e graciosa. Não morava mais com os pais, buscou a sua independência cedo, começou a trabalhar antes mesmo de entrar para a faculdade e agora, ocupava um desses cargos importantíssimo numa Multinacional. Era uma feminista na estampa, e na alma uma menina.
Saia de relacionamento para outro como quem troca de roupa, pois sempre faltava alguma coisa, talvez as famosas borboletas no estômago. Há uns dois anos não namorava ninguém por mais de um mês, não que seus relacionamentos anteriores fossem mais longos que isso, nada durava mais do que seis meses. Ela simplesmente se cansava, e eles não pareciam mais encantadores.
O problema é que ela esperava por um homem que fosse perfeito, agradável sempre, inteligente, carinhoso em cada toque. Ela esperava um verdadeiro lorde inglês. Mas os homens que habitam a sua imaginação e as páginas dos seus romances favoritos, não se parecem em nada com os homens de verdade.
Sua única companhia masculina, constante, era o seu gato Angorá, Bartolomeu. Só ele suportava os delírios românticos da sua dona. Só ele dormia na sua casa mais do que seis meses. Só ele aquecia seus pés nas noites frias.
Depois de muita insistência das amigas, resolveu tentar conhecer o seu futuro amor pela internet. Horas e horas em frente ao computador, entrando e saindo das salas de bate-papo, diversos encontros e nada de encontrar o seu homem sem rosto.
Esqueceu da vida pessoal por algumas semanas, um grupo de acionistas viria da Alemanha, país sede da Multinacional. Eram oito pessoas, grupo majoritariamente masculino, e um deles se destacava pela petulância. Foram dias e noites, presa na sala de reuniões, se alimentando mal, e ouvindo aquele homenzinho resmungar.
Quando os principais pontos da pauta foram solucionados, os encontros formais diminuíram. Uma grande festa estava por vir, visando uma possível fusão, e logicamente, aquele homem arrogante estaria presente. Não sentia a menor vontade de ir, mas sabia que tinha um dever a cumprir. Colocou o salto alto, se olhou no espelho, e se sentiu pronta para conquistar o mundo no vestido vermelho.
A noite estava quente, e tempo parecia não passar. Tudo que ela queria era ir embora, quando de repente, alguém sentou do seu lado no bar. Era ele, rude como sempre, mas encantador como nunca. Começaram a conversar e no dia seguinte acordaram juntos, para a surpresa de ambos.
O grupo iria embora, no máximo em três dias, e eles aproveitaram todas as noites juntos. Ela tinha certeza de que era ele, mesmo estando longe de ser perfeito. Na noite de despedida, ainda entre os lençóis, ela derramou duas lágrimas e ele apenas disse aquelas três palavras mágicas: - “Ich liebe dich”. Pouco depois foi embora. Só sossegou, pois sabia que no ano seguinte o grupo voltaria para a fusão.
Aqueles foram os doze meses mais longos da sua vida, e finalmente ela poderia vê-lo de novo. O grupo agora tinha nove pessoas, e uma delas era a esposa do seu príncipe. Eram recém-casados, e menininha dos olhos azuis quis aproveitar para viajar. Ela não podia acreditar no que estava vendo, sentiu como se alguém tivesse socado o seu estômago, e ele sabia que aquela não seria uma situação fácil de lidar.
Tanto fez que conseguiu falar com ela, sentiu uma frieza já mais vista. Apenas queria esclarecer a situação, a loirinha dos cabelos cacheados era sua noiva muito antes dele sonhar
em conhecê-la. Era um homem de palavra, casou mesmo estando apaixonado pela mulher que não via há um ano. Ela encheu o peito e deu uma única resposta: - “Sinto muito por você”.
A fusão ocorreu perfeitamente, ele não acompanhava mais o grupo, e fazia três longos anos que não se viam. Ele se transformou numa doce lembrança e ela continuou com a vida que tinha. Agora era só mais uma noite que passava em casa com o Bartolomeu, quando ouviu um barulho do lado de fora do prédio e foi descobrir do que se tratava.
Era ele, implorando para o vigia para entrar. Não podia acreditar no que estava vendo, assim que ele a notou correu para debaixo da sacada, e exclamou uma única vez: - “Eu não estava brincando com falei que te amava”. Era o seu final feliz, mais verdadeiro e sincero do que o ponto final de todos os romances que havia lido.

3 comentários:

  1. Já estava ficando com pena da Catharina, ai faltando 5 linhas para acabar o conto.... Tudo muda, rs Muito bom!

    ResponderExcluir
  2. Não sinto pena por ela e sim por Bartolomeu, o pobre gato Angorá, suporta a dona irritante e desiludida a vida inteira, para logo depois vir um marmanjo e empurrar ele da cama.
    Brincadeiras a parte, você sabe o que eu achei do conto. E alem do mais, é um bom texto para descontração, quando não se espera grandes emoções e reviravoltas. Seria muito bom para uma coluna do segundo caderno.
    Continua melhorando cada vez mais tuas habilidades que, quem sabe, nem precise de faculdade...heuheu

    ResponderExcluir
  3. porra ta mto grande... caracaaaa quero ver quando vc vai escrever um artigo cientifico, to tomando odio de feministas ja, queria ser que nem ela, sair da faculdade e ser uma fodona numa mulinacional, um dia chego la...

    ResponderExcluir