sábado, 17 de outubro de 2009

Über dem Aussehen hinaus

A campainha tocou, repetidas vezes, e ela fingia não escutar. Tentava abafar o som desviando seus pensamentos, mas o falso silêncio era rompido de novo pelo barulho insistente. Sua surpresa maior foi ao aproximar o rosto da porta e observar pelo olho mágico a figura peculiar do porteiro do prédio.

Abriu a porta desgostosa e impaciente, morava numa rua movimentada em Ipanema, por isso não se assustava mais com os barulhos e as buzinas. Infelizmente com a barulheira de minutos atrás, ela iria se assustar. Ocorrera um atropelamento na porta do prédio, e a vitima era o seu marido.

No inicio riu da notícia, achou que era alguma tática do cônjuge para conseguir sua atenção depois da grande briga que tiveram, entretanto, a expressão de pânico do porteiro ao ver e ouvir sua risada deixou bem claro que a noticia era verdadeira. Arrependeu-se de ter duvidado, entrou em estado de desespero, queria ver seu marido, perguntou sobre o ocorrido, e desceu correndo todos os lances de escada. A ambulância já tinha deixado o local, seu coração parecia palpitar na garganta. Ao vê-la, a vizinha informou que ele fora levado para o Copa D'Or.
Não pensou duas vezes, pegou o carro e dirigiu mesmo sem carteira. Só conseguia pensar na briga, que grande bobagem, ele tinha chegado tarde porque estivera num Happy Hour com o pessoal do trabalho, mas não tinha bebido uma só gota álcool, não quisera acreditar nisso e o despachou o sofá. Mesmo assim, na manhã seguinte, ele tinha acordado de bom humor, feito um lindo café da manhã, prometendo não ir mais nessas reuniões, tudo ia bem, até o bip-bip do telefone dele.
Aquela mensagem ridícula, dizendo que a noite tinha sido ótima, em especialmente porque ele estava lá. Claro, que a briga recomeçou, e ela estúpida e enciumada, levantou a mão e fechou com uma grande bofetada na face dele. Pensou também na reluta em atender a porta, na risada fora de hora e na dor que sentia só de imaginar que poderia perdê-lo de vez.
De repente, foi chamada de volta ao mundo pelo bip-bip do telefone dele, afinal depois de toda aquela cena, ele apenas virou as costas, pegou a carteira e saiu. Deixara para trás a chave de casa, o telefone e ela. Era mais uma mensagem, e agora ao ler, ela só conseguia chorar. Era seu melhor amigo, pedindo desculpas pela mensagem anterior, ainda estava de ressaca, e queria fazer uma brincadeirinha com ele, que depois achou bem sem graça.
Quando chegou ao hospital, ele estava sendo operado, o médico informou que ele havia chamado por ela diversas vezes e que a cirurgia seria demorada e complicada. Ela questionou sobre o estado dele, e recebeu uma fria resposta, ele havia sido sofrido uma fratura exposta de fêmur, fora o hemotórax e seu estado era crítico. Depois intermináveis horas de cirurgia, ele tinha sido levado para UTI. Ela poderia entrar, mas não deveria demorar ou agitar o paciente.
Tremia pelo frio que fazia nos corredores, mas principalmente pela angustia que sentia. Uma tímida lágrima desceu ao vê-lo deitado, com os olhos fechados e rodeado de aparelhos. Encostou sua mão na dele, beijou sua face e sussurrou no seu ouvido o quanto sua vida perderia o sentido sem ele. Sentiu os dedos dele se mexerem sob os seus, beijou-lhe a mão com ternura e ao olhar novamente para o seu rosto viu que estava acordado. Não pode conter sua alegria, beijou-lhe a boca segurando seu rosto com as duas mãos e exclamou: - Como eu te amo!

domingo, 11 de outubro de 2009

Meu presente

Para minha querida filha Erika

Lá se vai a minha menina...
Menina faceira, menina menina
Menina moça, menina ainda menina.
De braços dado com o destino
Cumprindo á profecia dos Deuses
Percorrendo o caminha árduo da vida...
Brincando a brincadeira
Do viver seus limites...
Sem fronteiras...
Lá se vai, a minha menina.
Cruzado os mares das incertezas
Brincando de ser mais não ser
Rindo do acaso...
Rindo das pessoas...
Vivendo toda plenitude,
Toda a beleza.
Lá se vai, a minha menina!!!
Juntando as pedrinhas
Amassando a grama
Colhendo as flores com leveza
Enfeitando o seu viver
Com as cores do arco-íris...
Enfeitando a vida á cada renascer
Eis a minha menina!
O meu pingo de gente, virando gente.
Tal como uma borboleta perdida
Se transformando...
Se achando!
Se embelezando...
No seu novo viver...

Um abraço, um beijo, todo meu carinho e todo meu amor.

A minha alma gêmea.
Mamãe