O convite surgiu de forma inesperada, ela desejou ser forte
para negar, mas é difícil dizer não a um sedutor. Aquele sorriso de nuvem em dia de outono abria espaço para um som quase inaudível. As palavras sussurradas a atingiram
em cheio, me beija, ele pediu.
Trôpega, ela tentou se afastar. A
mocinha sabia que não deveria sacia-lo, mas seu corpo cedeu diante de
tamanha audácia. Como um gato ele a agarrou abruptamente, de mão cheia e pegada forte. Ah, leitor! Não pense que
ele é algum tipo de vilão por causa disso. Podemos dizer que o rapaz é apenas corajoso.
Ele nem fazia o seu tipo, era tudo que ela pensava. Só que
cada toque tinha um sabor diferente. Perigo iminente, arrepio pelo corpo. Ela almejou ser
hedonista e cair no discurso ponderado dele. Nossa heroína não quer um
par, apenas uma cama.
Sem fricote foi tentar a sorte e gostou dessa capacidade
estranha de ser dona de si mesma. Se entregou ao
momento, entre uma exclamação e outra, não deixou espaço para o ponto final. Quem disse que prazer por prazer
é ruim? De corpo e alma, sem olhar para trás. Ela colocou a consciência para passear e se jogou nos braços dele, servindo seus lábios aquela boca voraz.
O lance durou vinte minutos, poderia ter durado um dia, um
mês, um ano. O tempo importa pouco diante da intensidade. De repente, Vinícius de
Moraes vez sentido pela primeira vez. Ela riu diante da lembrança ainda recente
e acariciou o roxo que tinha na coxa, antes de esconder o estranho souvenir
sob a saia. Era sua despedida particular.