domingo, 1 de novembro de 2009

"Pra frente Brasil, no meu coração"

Não discutia política, nem religião, gostava mesmo era de futebol, de um barzinho, um copo cheio e um violão. Tinha vivido a boa época da Bossa Nova, assistiu as loucuras de Jânio Quadros no poder, ao comício de Jango e o tomada de poder pelo militares.Até aquele momento, achava que nada iria mudar.
No inicio, a boêmia era a mesma, mesa cheia de amigos, muitos copos vazios, risos sem fim e a leveza na alma de poder compor sem medo, como forma de expressar o que se passava dentro do peito. Os dias foram passando, as noites não tinham mais o mesmo brilho e nos rostos, a expressão marcava o que ainda estava por vir.
O mundo vivia uma guerra que faz jus ao nome, guerra fria, e era uma época fria. As pessoas desconfiavam umas das outras, era um período difícil para as idéias, e qualquer observação social ganhava logo a alcunha de comunista.
Compor se tornou perigoso, a liberdade se tornou restrita, e entender de política se tornou algo fundamental para sobreviver. Vivia na mira dos porretes e tinha seus passos vigiados de perto. Quando o Castello ruiu, os protestos eram constantes, de repente se viu perdido no meio de uma passeata, ele e mais cem mil. O governo demonstra sua força, e decreta o pior dos Atos Institucionais, naquele dia de Dezembro, ficou claro quem mandava.
O país vivia de ponta cabeça com o seqüestro de
Charles Elbrick, os dias de confusão não tinham mais fim. E o grande feito daquela Junta, foi a morte de Mariguella. Viu seus amigos “sumirem”, suas músicas serem censuradas, e sua família chorar cada vez que saia de casa. Pensava que nada mais podia piorar, mas estava errado, os “anos de chumbo” provaram isso com maestria.
Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores foram investigados, presos, torturados e exilados do país. Ele tinha sido apenas mais um. Chorava pela sua pátria todos os dias, era tanto pesar no peito. Se tivesse lutado mais, se tivesse tentado mais, talvez algo fosse diferente.
Nessa tristeza que tomava todos os seus pensamentos, passou a relatar o que tinha sido, o que era e o que gostaria que fosse. Sua viagem forçada durou pouco, e fechou os olhos antes mesmo de ver o Brasil ganhar a maravilhosa copa de 70.

3 comentários:

  1. Escreves muito bem, mocinha bonita!
    Continue assim!
    Um beijo da sua amiga!

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  2. Só pra lembrar que a história é escrita por quem vence. Todos esses terríveis relatos de tortura são pura fachada. Você há de convir que se amanhã o governo começar a matar e torturar tudo que é bandido a população vai agradescer mas os amiguinhos e simpatizantes dos bandidos não vão gostar nem um pouco. Se num futuro mais distante os bandidos amigos daqueles bandidos mortos chegarem ao poder, estes explanaram como eram terríveis aqueles tempos. O mesmo aconteceu na ditadura, os porcos comunistas entreguistas eram mortos e torturados, mas alguns amiguinhos deles como Dilma e Lula ficaram vivos para contar o quão trágico era viver naquela época! Grande besteira! Basta perguntar a qualquer pessoa normal daquela época, ou seja, pessoas que seguiam a sua vida, trabalhavam duro para sustentar a sua família e não perdiam tempo em badernas públicas, e logo esta pessoa lhe dirá quão bom eram aqueles dias.
    Hoje vivemos numa ditadura muito pior, a do crime. Vivemos a mercê dos bandidos dos altos dos morros! Hoje em dia ninguém tem coragem de sair de casa com medo da criminalidade. Ninguém! Naquela época, só quem não podia sair depois do toque de recolher eram os simpatizantes do comunismo e não TODOS como hoje.

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