terça-feira, 29 de setembro de 2009

Good Morning

O olho esquerdo insiste em continuar fechado, pela cortina entreaberta surgem pequenos raios de sol, como se o mundo sussurrasse a beira da cama que já era hora de acordar.Domingo é sempre um dia fatídico e entediante, pensou sem vontade ou forças para se levar.
Trabalhava seis dias por semana, acordava antes do galo e dormia bem depois das galinhas. Sua vida era servir cafezinho, limpar o escritório e ser invisível pelos corredores da empresa. Tinha nível superior, era formada em Direito pela Federal, chegou a exercer a profissão, mas com a morte de seus pais se viu atolada em dividas, sem teto, sem dinheiro e sem emprego.
E agora, morava em um conjugado perto do morro, bala perdida era coisa corriqueira, sentia como se a princesa Isabel nunca tivesse existido e como se Deus tivesse se esquecido dela. Aliais, fazia um bom tempo que não conversava com ele, cortará relações no dia em pisou no cemitério para enterrar os seus heróis e junto com eles, uma parte da sua vida.
Aceitou aquele emprego por falta de coisa melhor, e no fundo ambicionava crescer, ser membro do conselho e ter um alto cargo na empresa. Resolveu levantar, afinal o dia estava só começando e ainda teria muito que fazer.
Arrumou a cama, lavou a roupa, limpou o chão da casa e só depois cogitou a possibilidade de tomar uma xícara de café. Do lado de fora da janela só se ouvia, as mães gritando pelas crias. Nunca tinha paz e sossego para os seus próprios pensamentos.
O telefone toca, era sua irmã, não se falavam há anos. Era um convite para almoçar, aceitou com receio, mas qualquer coisa era melhor do que aquele miojo grudento.Passou horas para se vestir, não sabia o que usar, sua irmã havia se casado com um magnata desses.

Pegou o ônibus, cheio, um roça-roça de gente como sempre, quando finalmente chegou ao seu destino, se sentiu mal, confusa, tonta, a casa diante de seus olhos era igual à de sua infância.
Foi recebida na porta com um forte abraço, sua irmã a puxou pela mão, apresentou ao marido que mal falava português. O momento foi interrompido pelo relógio da sala, que reclamava o almoço.Fazia tempo que ela não comia nada tão divino. Na hora da sobremesa, a surpresa, aquilo era mais do uma visita para resgatar o passado, era um convite para morar com eles. As lágrimas desciam se pedir licença, de novo tinha família, de novo tinha vontade de viver, finalmente alguém lá em cima sorriu pra ela. Aquele domingo nada teve de fatídico e entediante, foi apenas, inesquecível.

3 comentários:

  1. Por um momento cogitei a idéia de ser um relato real. Mas depois me lembre de quem estava escrevendo. As palavras brotam de sua mente numa aparente facilidade que beira a incompreensão dos que não possuem esse talento. Sim, um talento realmente. Bom retrato da realidade de alguns diplomados que se vêem exercendo uma tarefa ínfima em relação a sua capacidade.

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  2. parabéns, menininha !! texto de primeira,organização de idéias de primeira,boa cadência, lógica excelente...hummmm vai dar trabalho aos concorrentes !!!! hahaha CONTINUE PRATICANDO !! É POR AI MESMO !!! BEIJOS

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  3. Excelente!!!! Cada vez melhor!!!!
    Beijocas
    Lê o resumo da mamãe depois:
    http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1944266-medicina-alternativa-dew/

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