sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Happy New Year

Trinta e um de Dezembro, a poucas horas da virada. Prendedor dourado no cabelo, vestidinho branco pro calor e inúmeras memórias na cabeça, equilibradas pelo seu salto alto. Chave do carro na mão, carteira na bolsa e os últimos retoques no batom antes de sair. Ela estava pronta.
As pessoas não pareciam tão animadas naquele ano. Parou numa loja de conveniências, gastou mais do deveria, mas comprou um Chandon. Não poderia aparecer de mão vazias.
Dirigia sem pressa, afinal encontrar com ele já seria uma tarefa mais do que árdua. Por um minuto, reviveu todos os cincos anos de desgostos e praguejou imensamente terem amigos
em comum.
Estava
a duas quadras do local indicado. Considerou a idéia de fazer o primeiro retorno e voltar para casa, mas sabia que isso seria muito pior. Parou o carro, respirou fundo e profetizou as palavras de sempre: “Ele não é melhor que você”.

Nem precisou tocar a campainha, a porta já estava aberta. Cumprimentou os seus amigos e foi colocar a champagne para gelar. Sentiu uma mão em seu ombro esquerdo, sabia que era ele.

Trocaram poucas palavras. Ainda doía demais e ele continuava encantador. Uma voz suave rompeu o salão. Ela reconheceu, mas não podia acreditar. A atual dele continuava a mesma do passado. Engoliu em seco e se sentiu como a amante novamente.

Por três minutos teve a conversa mais cínica de toda sua vida. Bebeu alguns drinks, caiu na pista de dança e virou o centro das atenções. Ele amargurado e bêbado, observava de longe.
Quase meia-noite. Ele chama a atenção de todos tilintando as taças. Começa um discurso de forma muito natural, deseja a todos os votos de prosperidades e num ato egoísta revela o seu passado com aquelas duas mulheres.
O ar circula com dificuldade pela sala. A atual começa a chorar, e ela que fora classificada como ex-amante, se aproxima dele e em um único gesto esbofeteia-lhe a face. Pisa firme, pega a sua bolsa, o seu Chandon e bate a porta sem olhar para trás.
O relógio marca a virada. As pessoas na rua gritam de felicidade por um breve momento. Ela se mistura a multidão e brinda com os estranhos. Ano novo, vida nova.

Um comentário:

  1. Ano Novo, Vida Nova!!! Concordo plenamente! E foi isso que desejei pro meu novo ano!!!
    Poste mais contos, minha linda!:)
    beijos

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